Eraldo Luis P. Gasparini
Quando jovem ouvi uma palestra do Pastor
Robinson Cavalcanti da Igreja Episcopal sobre Cristianismo e política,
posteriormente li o seu livro: Cristianismo e Política: teoria bíblica e prática histórica.
Em parte, influenciado pela sua leitura e pelo contexto vivido na época, adentrei na política e fiquei filiado a um partido político de 1999 a 2005, sendo que nesse período fiquei 4 anos na diretoria municipal do mesmo. Então tive grande experiência política, tive reuniões com o então governador do Estado de Mato Grosso do Sul, conheci deputados estaduais, federais e senadores. Ou seja, me envolvi grandemente com a política.
Num determinado momento vi e presenciei a corrupção que era divulgada nos jornais e noticiários do Brasil, bem como percebi a minha total incapacidade e impossibilidade de combate-la, pois, todo o sistema político estava corrompido de alto a baixo. Não havia a quem recorrer ou denunciar, pois até os meios de comunicação estavam mancomunados com o sistema político.
Então comecei a me questionar: - O que estou fazendo aqui???
E enojado com tudo que vi, resolvi sair da política, me tornar apartidário e a votar em nulo nas eleições.
Percebi que para aqueles que entram na política no Brasil só restam três atitudes:
- Se posicionar contra a corrupção estrutural e ser anulado pelo meio político, tornando-se inócuo;
- Não se corromper, mas ser conivente e “fazer vistas grossas” para a corrupção;
- Se aliar a corrupção e tornar-se mais um dos corruptos.
Percebi que a corrupção política no Brasil é sistêmica e estrutural, não distingue partidos, não distingue alas ideológicas, esquerda, direita ou centro. Ela está desde a Câmara de Vereadores até o Senado Federal; desde a Prefeitura Municipal até o Palácio do Planalto. E ela começou lá atrás em 1808 com a vinda da família real portuguesa. Com o passar do tempo ela foi se adaptando aos regimes políticos e aos tempos.
Aqueles que acreditam que há políticos honestos no Brasil ou são ingênuos, ou são tolos, ou dissimulados.
Vejo algumas pessoas falando que o problema é à esquerda e sua política progressista de Estado, mas o problema não é de ordem econômica, não importa o regime econômico adotado, pois a grande e real questão é a corrupção. Este é o real fator que emperra o crescimento do Brasil. Enquanto isto não for tratado de forma séria, não adiantará nada. O Brasil tem uma cultura de corrupção, de exaltação a aquele que burla as regras, de louvor a malandragem, de dar um “jeitinho”, de levar vantagem em tudo. E isto está entranhado no povo brasileiro, não só na classe política. Enquanto houver o “gato” para a luz, pra água, pra TV a cabo; enquanto houver posto que adulterada gasolina; enquanto houver farmácia que compra remédio roubado; condutor que compra CNH; empreiteira que entrega prédio mal feito; bombeiro que vende laudo para boate irregular; universitário que paga para fazerem seu TCC; o Brasil não vai mudar!!
No dia que o povo brasileiro e os seus governantes tomarem vergonha na cara e praticarem uma ética séria nas suas relações econômicas, será esse o dia que o Brasil começara a mudar.
E o cristão e a política, como fica então?
Bem! Vou dar a minha resposta particular: a ala evangélica no congresso é a ala mais corrupta e fisiológica do congresso (vide como exemplo o ex-deputado Eduardo Cunha). Penso eu que o cristão não deve se envolver com a política partidária no Brasil. Ele pode fazer política de outras maneiras, com a sua associação de moradores, seu sindicato, participando de uma ONG, fazendo parte dos projetos sociais de sua igreja. Porque isso também é política.
Na minha opinião, aqueles que decidem por esse caminho se metem em muitas artimanhas, fazer política partidária no Brasil é o mesmo que vender a alma para o diabo.