quarta-feira, 18 de agosto de 2010

DO FANATISMO AO CETICISMO ÁRIDO

Eraldo Luis P. Gasparini


Seguir a Jesus não é uma tarefa fácil, cada dia é uma nova luta, uma luta muitas vezes injusta e cruenta, é percorrer um caminho estreito, difícil e sem pavimentação. E por isso muitos tendem para os lados, ora o esquerdo, ora o direito e em ambos os casos acabam se desviando do caminho original e rumando para outro destino.
Se por um lado temos aqueles que acreditam em tudo quanto é revelação, profecia, unção, ato profético chegando as raias do delírio coletivo, por outro lado temos aqueles que sistematizam tudo, racionalizam, polemizam, duvidam dos autores bíblicos e até da intenção final da Bíblia chegando ao ponto do pessimismo existencial. Se por um lado temos fanatismo, por outro temos um ceticismo árido. Por isso luto por uma Fé razoável e uma Razão crédula. Creio como John Stott escreveu que crer é também pensar; como Blaise Pascal que o coração tem razões que a própria razão desconhece; como Santo Agostinho que é necessário compreender para crer e crer para compreender.
Acho difícil ficar ao lado daqueles que crêem na “unção da galinha”, mas também acho difícil ficar ao lado daqueles que duvidam até da existência de Jesus e o divulgam como um mito. Estou com a minoria que crê que milagres existem, mas nem todos são de Deus, nem todos verossímeis e muitos são pura indução psicológica. Estou com a minoria que crê que Deus pode dar revelações, profecias, mas que todas, sim TODAS, são passíveis de serem julgadas e se consideradas errôneas a luz das Escrituras Sagradas de serem descartadas e até mesmo combatidas. Estou com a minoria que pensa antes de agir, calcula as despesas e os meios de concluir qualquer obra para Deus. Estou com a minoria que medita, pondera, considera, se concentra de dia e de noite na Lei do Senhor. Estou com a minoria que prefere amar e ser amado a receber uma “profetada”, ou a ficar divagando sobre a essência do nada. Bem disse C. S. Lewis que o Diabo engana o ateu e o bruxo no mesmo erro, um não acredita na sua existência, o outro acredita e sente um interesse excessivo e insalubre nele. Embora contrários eles são iguais.
Estou com a minoria que entendeu e aceitou o chamado do discipulado proposto por Jesus:


“Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo.
Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir?
Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar.
Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil?
Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz. Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:26-33).
Isso não é para a maioria, não é para aqueles que se desviam para esquerda ou para a direita, mas para aqueles que seguem em frente, que insistem no Caminho.