quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

O DILEMA DO PORCO-ESPINHO

(clique na imagem para ampliá-la e ler melhor)


Embora eu não concorde com Schopenhauer o seu texto sobre o dilema do porco-espinho demonstra bem a realidade que vivemos na atualidade. Os seres humanos hoje não se amam mais, apenas se suportam e se toleram por uma necessidade egoísta e individualista.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

O NASCIMENTO DA TEOLOGIA CRISTÃ


Eraldo Luis P. Gasparini

A Teologia Cristã (dito isto para diferenciá-la da islâmica, judaica e outras) surgiu no século II quando o cristianismo alcançou a elite romana, a classe alta do Império Romano. Embora alguns considerem o Apóstolo Paulo o primeiro e maior teólogo da fé cristã, principalmente por causa de sua epístola aos Romanos, outros entendem que a Teologia só começou a se formar quando a fé cristã adentrou ao mundo greco-romano e alcançou as classes mais altas. Antes desse época, a fé cristã era bem simples: crer e obedecer. Mas quando ela adentra ao mundo greco-romana e alcança as classes mais cultas, versadas nas letras e filosofias, isto muda. Não era mais necessário somente crer e obedecer, mas também entender.
Podemos demonstrar de forma simples dessa maneira:

Fé Cristã + Filosofia = Teologia

Alguns discordariam dessa fórmula simplista, mas ajuda no entendimento de como veio a surgir a teologia cristã.
Os gregos antigos diziam que todos os seres humanos eram capazes de criar beleza e virtude, sendo este o ideal da filosofia grega. A partir da vida na polis (cidade) os cidadãos gregos eram estimulados a se desenvolver física e mentalmente (mens sana in corpore sano). Com está cultura filosófica que estimulava a busca do saber, do conhecimento, os gregos gostavam de prescrutar as coisas. A Bíblia demonstra este espírito inquiridor dos gregos no livro de Atos quando da passagem do Apóstolo Paulo em Atenas:

"E alguns dos filósofos epicureus e estoicos contendiam com ele, havendo quem perguntasse: Que quer dizer esse tagarela? E outros: Parece pregador de estranhos deuses; pois pregava a Jesus e a ressurreição. Então, tomando-o consigo, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos saber que nova doutrina é essa que ensinas? Posto que nos trazes aos ouvidos coisas estranhas, queremos saber o que vem a ser isso. Pois todos os de Atenas e os estrangeiros residentes de outra coisa não cuidavam senão dizer ou ouvir as últimas novidades" (Atos 17: 18-21).


O autor Justo Gonzalez em seu livro História Ilustrada do Cristianismo escreve o seguinte sobre Justino, o Mártir:


"Justino é, sem dúvida, o mais distinto pensador cristão dos meados do século II. Antes de tornar-se cristão, Justino tinha estudado as diversas filosofias que em sua época se ofereciam como sendo as mais acertadas e havia chegado, por fim, à conclusão de que o cristianismo era “a verdadeira filosofia". Ao se converter ao cristianismo, Justino não deixou de ser filósofo, mas se dedicou a fazer 'filosofia cristã', e boa parte dessa filosofia consistia em descobrir e explicar as relações entre o cristianismo e a sabedoria clássica".

Justino, o Mártir que viveu no século II pode ser considerado um dos primeiros teólogos, se não for o primeiro, a fazer justamente isto juntar a fé cristã com a filosofia. Tanto que é dito que ele fazia “filosofia cristã”. Essa filosofia cristã mais tarde veio a se chamar Teologia. 
O maior teólogo da patrística, o Bispo Agostinho de Hipona, Santo Agostinho, foi o que melhor fez essa junção da fé cristã. Antes de se tornar cristão, ele era neoplatonista, tendo lido muito os escritos do filósofo Plotino.
No seu livro Milagres, C. S. Lewis, num trecho em que faz uma explanação sobre o panteísmo, diz que o cristianismo incorporou o platonismo (uma filosofia grega) e o judaísmo:

"o panteísmo é de fato a inclinação natural e permanente da mente humana; (...) O platonismo, o judaísmo e o cristianismo (que incorporou ambos) provaram ser os únicos que puderam resistir-lhe".

Dessa maneira nasce a Teologia Cristã, conforme escrito por C S Lewis, de uma junção da filosofia com as Escrituras judaico-cristãs numa busca de não somente crer e obedecer a Deus, mas também de entende-Lo.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:

GONZÁLEZ, Justo L. História Ilustrada do Cristianismo: a era dos mártires até a era dos sonhos frustados/ Justo L. González; tradução Hans Udo Kuchs, Key Yuasa. 2ª ed. Rev. com roteiro de leitura. São Paulo: Vida Nova, 2011.

LEWIS, C. S. Milagres. Tradução: Ana Schäffer. São Paulo: Editora Vida, 2006.