domingo, 12 de julho de 2020

O PLAYGROUND SILENCIOSO


Eraldo Luis Pagani Gasparini


Imagine um playground, uma área ao ar livre para a recreação infantil com brinquedos, com escorregador, com balanços, gangorras, mas vazio, sem crianças, um playground silencioso. Pois é isso que o futuro nos reserva.
Uma das grandes preocupações da ONU desde o início dos anos 90 do século XX é com a superpopulação da Terra, como alimentar bilhões de pessoas num planeta em que todos os espaços estão ocupados? Como evitar a poluição que contamina água e solo inviabilizando seu uso? Como evitar conflitos e guerras por coisas essenciais como a água?   Como conter a extinção de recursos?
Foi pensando nisso que a ONU chegou a seguinte: conclusão vamos deter o crescimento populacional! Mas como fazer isso? Incentivando políticas de contracepção. 
A ONU desenvolve e incentiva pelo mundo inteiro o controle familiar através de organismos como a UNFPA (Fundo das Nações Unidas para Atividades Populacionais), bem como através de políticas e movimentos sociais. Uma das ações que ela desenvolve é incentivar os movimentos LGBT e Feministas que na verdade estão sendo instrumentalizados pela ONU para conter o controle populacional. Mas não somente isso, mas também influenciando os países a fazerem leis que “protegem” as crianças, mas que na prática fazem com que casais não queiram ter filhos. No Brasil o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) superprotege as crianças; as crianças e adolescentes até os 17 anos são consideradas “Incapazes”, tudo que elas fizerem de errado quem responde são os pais ou responsáveis. Se uma criança quebrar algo na escola, ou bater num coleguinha a responsabilidade total é dos pais e eles que são penalizados.  Além disso aos pais é proibido infligir castigos físicos, também é proibido aos pais faze-los executar trabalhos domésticos, ainda que leves como enxugar a louça. A única coisa permitida as crianças é brincar e estudar.
Sendo assim se torna insuportável aos casais ter um filho. Muitos pais com filhos percebem terem se tornado reféns dos mesmos. São duramente confrontados e afrontados pelos filhos e totalmente impotentes de fazer qualquer coisa. As crianças que cresceram sob a égide do ECA com as últimas mudanças proibindo o castigo físico (a lei da palmada) e o trabalho doméstico infantil estão crescendo e se tornando adultos que não assumem responsabilidades, não sabem ouvir um não, são incapazes de enfrentar problemas ou dificuldades, que são sem limites e agem impunemente.
Diante de todas essas circunstâncias os casais que se formam hoje dificilmente querem ter filhos, tanto que a taxa de fertilidade no Brasil caiu para 1,74 filhos (dados do Banco Mundial de 2017). Tive a oportunidade de conversar com garotas adolescentes entre 14 e 16 anos e elas são unanimes em dizer que não querem ter filhos quando se tornarem adultas, pois dão muito trabalho e cerceiam a liberdade. A população brasileira (segundo estimativas) deve parar de crescer em 2030, ficar num patamar por 17 anos e começar a diminuir em 2048, quando então seremos uma população preponderantemente de idosos, ou seja, pessoas com mais de 60 anos.
Mas isso compromete o futuro, pois sem crianças para substituir a mão de obra, quem trabalhará e pagará a previdência? Quem cuidará dos adultos que estarão idosos?
Na minha singela análise, as crianças são fruto do amor e da esperança dos pais. A criança é a doação das partes para criar um novo ser, é o resultado do amor entre o pai e a mãe (ou pelo menos deveria ser); também a criança é um depósito de sonhos dos pais, que elas realizem feitos que eles não conseguiram, que elas perpetuem seus nomes quando eles não mais existirem. Assim se as pessoas preferem não ter crianças é porque o amor e a esperança se findaram.
Assim a cada dia que passa vai se tornando real aquela imagem do começo do texto, onde haverá playgrounds vazios porque não terão mais crianças para nele brincar, os playgrounds serão silenciosos.