sexta-feira, 20 de julho de 2018

TEOLOGIA LIBERAL - O equivoco filosófico na hermenêutica bíblica



O pressuposto filosófico da teologia liberal é aristotélico e isso é importante salientar. A Teologia Liberal nasceu do desejo em transformar a Teologia Cristã em uma ciência moderna. A ciência moderna surgiu a partir de uma perspectiva aristotélica. Aristóteles acreditava que só podemos conhecer aquilo que é sensível (está ao alcance dos sentidos, do tato, da visão, da audição) e mensurável (aquilo que pode ser medido). E isso foi muito importante para o avanço da ciência. Contudo o sistema filosófico de Aristóteles é fechado, pois dentro de sua perspectiva “o que está além não lhe diz respeito”.
Ora para o pressuposto filosófico aristotélico Deus é um enigma, pois não está acessível a investigação científica, pois Ele não pode ser visto, ouvido, tocado, medido, observado. Do ponto de vista aristotélico o melhor que fazemos é ignorá-lo, “agnose”, por isso a posição agnóstica da maioria dos cientistas.
O que resta então ao Teólogo Liberal? Analisar a Bíblia ou como semiótica ou como sociologia da religião. Deus é extraído da Bíblia ficando somente as ações humanas para serem investigadas. Deus se torna um signo, um símbolo das aspirações humanas e Jesus se torna um mito, um homem que pelas suas qualidades excepcionais foi mitificado pelos seus seguidores.
Nada resta ao homem além do vazio e solitário universo material.
Isso aplicado a Teologia Cristã é uma tragédia, pois o pressuposto filosófico da teologia cristã ortodoxa, da patrística é platônico. Platão cria que existia dois mundos: um perfeito que era o mundo das ideias, que está além; o outro o mundo das sombras que é este em que vivemos aqui. Assim Platão entendia que eramos sombras de uma realidade superior que está além.
A Teologia Cristã Ortodoxa fala de duas realidades: o Céu onde Deus e os seres espirituais vivem e a Terra onde existe a matéria e vivem os seres físicos. Há uma problemática em relação a palavra Céu na língua portuguesa, na Bíblia existem dois céus (mais precisamente são três céus), um céu físico e um céu espiritual, na tradução da Bíblia em inglês isso é bem explícito pois em inglês há as palavras Sky (céu físico) e Heaven (céu espiritual) para a palavra céu.
Quais as implicações disso?
A Bíblia é um sistema platônico (filosoficamente falando). Usar um método aristotélico para compreender um sistema platônico é como querer consertar um problema na rede elétrica doméstica com uma chave de rodas ou querer ver as estrelas usando um microscópio. Usar o método aristotélico (que é o que a teologia liberal faz) na Bíblia irá incorrer numa interpretação equivocada.
Hoje a Ciência tem avançada muito especialmente na Física Quântica. Ainda que a Ciência negue, afirmando que a linguagem científica é totalmente diferente da linguagem religiosa, ambas buscam a mesma coisa no final das contas, o sentido maior da existência do homem.
E a qual conclusão ela tem chegado?
A Ciência, que é embasada em pressupostos aristotélicos, têm chegado a conclusão, baseado em dados e experiências da Física Quântica, de que certos fenômenos só podem ser explicados levando em consideração a existência de outros universos paralelos (multiverso) a este e da existência de um universo maior (hiper-universo) que contém todos eles. Ou seja, a conclusão aristotélica é de que o pressuposto platônico está CORRETO. Existe um universo aqui e agora e um hiper-universo além. 
Quem sabe talvez o mundo das ideias de Platão ou o Céu (Heaven) dos cristãos?



SISTEMA EPISCOPAL


O AUTORITARISMO, A CORRUPÇÃO E A IMPUNIDADE NO GOVERNO DA IGREJA



O pior sistema de governo eclesiástico é o Episcopal e vou explicar porquê. O governo episcopal ou governo exercido por bispos é um governo hierárquico exercido de cima para baixo, onde há um Bispo mor ou um Pastor presidente ou um “Apóstolo” que exerce o domínio sobre todos que estão abaixo de sua posição. O grande problema desse sistema é que quem está no topo da hierarquia arroga sobre si a qualidade de ser inquestionável por ser a autoridade máxima da igreja. Historicamente falando foi por causa de líderes carismáticos e autoritários que a igreja descambou para o erro e a apostasia. Sem ninguém para contestá-los eles impuseram seus desejos, suas opiniões particulares e suas vontades sobre o povo sobre a alegação de serem a autoridade máxima sobre a igreja. É historicamente comprovado que o sistema episcopal, hoje travestido de “apostólico” ou “ministério” no Brasil, tem cometido grandes atrocidades, o caso dos padres pedófilos nos EUA, onde os culpados de cometerem crimes sexuais eram simplesmente mudados de paróquias; os Bispos anglicanos com regalias sem fim na Inglaterra do século XVIII, enquanto o povo passava fome e era explorado; os pastores que levavam jovens para os fundos da igreja a fim de serem “aconselhadas”, mas que eram estrupadas e que não sofreram nenhuma punição, sendo apenas enviados para outras cidades; os “Bispos” e “Apóstolos” de certas denominações brasileiras que tem mansões em Miami e jatinho particular enquanto os membros de suas igrejas vivem na ilusão de serem prósperos. E tudo isso com o conluio, com o acobertamento dos demais líderes para que a denominação mantenha uma áurea de santidade, de idoneidade. A ganância de poder por algumas pessoas têm feito ressurgir o sistema episcopal nas igrejas evangélicas no Brasil, ainda que recebam outro nome como governo “apostólico” ou “ministério”. O que tais líderes estão fazendo é reerguer as estruturas católico romana com o nome de evangélica. Estão dando dois passos para trás. Nenhuma autoridade humana é infalível (isso vale para o Papa também). Se há uma certeza sobre todos os seres humanos é o de que eles erram, eles falham. E quando essa autoridade é um líder espiritual, é um pastor, um bispo ou um apóstolo, não podemos fazer nada só por quê é um “ungido do Senhor”, um representante de Deus, uma autoridade espiritual??? 
O livro do profeta Jeremias contém os capítulos 23 e o 34 que dizem contra os maus pastores, os falsos profetas, os maus líderes do rebanho de Deus. Ali há duras palavras contra os pastores que se apascentam a si mesmo.Já dizia o historiador britânico Lord Acton que “o poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente”. Quando uma autoridade se impõe sobre os outros, sem que os outros tenham um mecanismo para se defender caso ela erre, todos sofrem prejuízo pelo erro daquela autoridade, foi o que aconteceu em I Crônicas 21, quando o Rei Davi pecou desobedecendo a Deus e todo o povo de Israel sofreu pelo erro de seu líder. Assim quando houve a Reforma Protestante, Martinho Lutero, João Calvino, Ulrico Zwinglo entenderam que a autoridade máxima da Igreja deveria ser a Palavra de Deus e instituíram o postulado do Sola Scriptura, bem como resgataram o princípio do Sacerdócio de Todos os Crentes, estabelecendo que todos os membros da igreja são sacerdotes e não precisam que ninguém os representem diante de Deus, a não ser o próprio Cristo. Disso também derivou o princípio de que devemos ser submissos uns aos outros (conforme Efésios 4:1). Assim sendo qualquer autoridade que pecasse, que manchasse o nome de Cristo, que induzisse a Igreja ao erro poderia ser destituída pela mesma em uma assembleia. Foi resgatado pela Reforma Protestante o princípio do líder-servidor que consta nos ensinos de Jesus em Mateus 20:25-28 e Marcos 10:42-45, ou seja, aquele que quiser ser o maior de todos seja o que serve. Tanto é assim que, por exemplo, na Inglaterra deixaram de chamar o líder da Igreja de “Priest”, que significa sacerdote, para “Minister” que significa ministro ou servo.
Todavia o povo brasileiro (e evangélico) não se livrou das amarras da tutelagem (dar a outrem o direito de dirigir e comandar sua vida). O evangélico brasileiro em vez de assumir a responsabilidade de gerir a sua vida transfere a outrem esta tarefa. Crendo, erroneamente, que está protegido e salvaguardado do julgamento final obedecendo subservientemente a um líder espiritual e que toda a responsabilidade de seus erros cairá sobre a liderança. Contudo, "Assim, cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus" (Romanos 14:12) e “Nada, em toda a criação, está oculto aos olhos de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante dos olhos daquele a quem havemos de prestar contas” (Hebreus 4:13).