O AUTORITARISMO, A CORRUPÇÃO E A IMPUNIDADE NO GOVERNO DA IGREJA
O pior sistema de governo
eclesiástico é o Episcopal e vou explicar porquê. O governo
episcopal ou governo exercido por bispos é um governo hierárquico
exercido de cima para baixo, onde há um Bispo mor ou um Pastor
presidente ou um “Apóstolo” que exerce o domínio sobre todos
que estão abaixo de sua posição. O grande problema desse
sistema é que quem está no topo da hierarquia arroga sobre si a
qualidade de ser inquestionável por ser a autoridade máxima da
igreja. Historicamente falando foi por causa de líderes carismáticos
e autoritários que a igreja descambou para o erro e a apostasia. Sem
ninguém para contestá-los eles impuseram seus desejos, suas
opiniões particulares e suas vontades sobre o povo sobre a alegação
de serem a autoridade máxima sobre a igreja. É historicamente comprovado
que o sistema episcopal, hoje travestido de “apostólico” ou
“ministério” no Brasil, tem cometido grandes atrocidades, o caso
dos padres pedófilos nos EUA, onde os culpados de cometerem crimes
sexuais eram simplesmente mudados de paróquias; os Bispos anglicanos
com regalias sem fim na Inglaterra do século XVIII, enquanto o povo
passava fome e era explorado; os pastores que levavam jovens para os
fundos da igreja a fim de serem “aconselhadas”, mas que eram
estrupadas e que não sofreram nenhuma punição, sendo apenas
enviados para outras cidades; os “Bispos” e “Apóstolos” de
certas denominações brasileiras que tem mansões em Miami e jatinho
particular enquanto os membros de suas igrejas vivem na ilusão de
serem prósperos. E tudo isso com o conluio, com o acobertamento dos
demais líderes para que a denominação mantenha uma áurea de
santidade, de idoneidade. A ganância de poder por
algumas pessoas têm feito ressurgir o sistema episcopal nas igrejas
evangélicas no Brasil, ainda que recebam outro nome como governo
“apostólico” ou “ministério”. O que tais líderes estão
fazendo é reerguer as estruturas católico romana com o nome de
evangélica. Estão dando dois passos para trás. Nenhuma autoridade humana é
infalível (isso vale para o Papa também). Se há uma certeza sobre
todos os seres humanos é o de que eles erram, eles falham. E quando
essa autoridade é um líder espiritual, é um pastor, um bispo ou um
apóstolo, não podemos fazer nada só por quê é um “ungido do
Senhor”, um representante de Deus, uma autoridade espiritual???
O livro do profeta Jeremias
contém os capítulos 23 e o 34 que dizem contra os maus pastores, os
falsos profetas, os maus líderes do rebanho de Deus. Ali há duras
palavras contra os pastores que se apascentam a si mesmo.Já dizia o historiador
britânico Lord Acton que “o
poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente”.
Quando uma autoridade se impõe sobre os outros, sem que os outros
tenham um mecanismo para se defender caso ela erre, todos sofrem
prejuízo pelo erro daquela autoridade, foi o que aconteceu em I
Crônicas 21, quando o Rei Davi pecou desobedecendo a Deus e todo o
povo de Israel sofreu pelo erro de seu líder. Assim quando houve a
Reforma Protestante, Martinho Lutero, João Calvino, Ulrico Zwinglo
entenderam que a autoridade máxima da Igreja deveria ser a Palavra
de Deus e instituíram o postulado do Sola
Scriptura, bem como
resgataram o princípio do Sacerdócio de Todos os Crentes,
estabelecendo que todos os membros da igreja são sacerdotes e não
precisam que ninguém os representem diante de Deus, a não ser o
próprio Cristo. Disso também derivou o princípio de que devemos
ser submissos uns aos outros (conforme Efésios 4:1). Assim sendo
qualquer autoridade que pecasse, que manchasse o nome de Cristo, que
induzisse a Igreja ao erro poderia ser destituída pela mesma em uma
assembleia. Foi resgatado pela Reforma Protestante o princípio do
líder-servidor que consta nos ensinos de Jesus em Mateus 20:25-28 e
Marcos 10:42-45, ou seja, aquele que quiser ser o maior de todos seja
o que serve. Tanto é assim que, por exemplo, na Inglaterra deixaram
de chamar o líder da Igreja de “Priest”,
que significa sacerdote, para “Minister”
que significa ministro ou servo.
Todavia o povo brasileiro (e
evangélico) não se livrou das amarras da tutelagem (dar a outrem o
direito de dirigir e comandar sua vida). O evangélico brasileiro em
vez de assumir a responsabilidade de gerir a sua vida transfere a
outrem esta tarefa. Crendo, erroneamente, que está protegido e
salvaguardado do julgamento final obedecendo subservientemente a um
líder espiritual e que toda a responsabilidade de seus erros cairá
sobre a liderança. Contudo, "Assim, cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus" (Romanos 14:12) e “Nada, em toda a criação, está
oculto aos olhos de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante dos
olhos daquele a quem havemos de prestar contas” (Hebreus 4:13).