Durante a Reforma
Protestante, os reformadores lutaram pela separação entre Igreja e Estado,
entre política e religião. Calvino, por exemplo, ensinou que, embora ambos os
regimes fossem de origem divina, se deveria preservar a distinção entre eles. A
Igreja não deveria se misturar ao Estado. A Igreja não poderia se intrometer nos
assuntos do Estado, nem este se intrometer nos assuntos daquela.
Me vejo decepcionado
com o meio cristão evangélico nestas últimas eleições presidenciais (2022) onde
pastores falaram de púlpito que quem vota em Lula é do diabo. Os pastores sendo
candidatos a cargo públicos já é coisa de praxe, porém nesta última eleição as
coisas extrapolaram o limite do bom senso, inflamaram uma espécie de “guerra
santa” a todos que não votassem em Bolsonaro.
Isto é terrível,
pois contrasta com o espírito da Reforma Protestante que buscou aquele mesmo
sentimento contido nos evangelhos “daí a César o que é de César e a Deus o que
é de Deus” (Mateus 22:21).
Historicamente
falando toda vez que a Igreja de Cristo se envolveu em política dois fatos
aconteceram, primeiro ela caiu em descrédito, segundo ela apostatou da fé. Os
Monges se retirando para os desertos e montanhas foi uma reação a Igreja que
havia se aliado ao Império Romano. Os Menonitas com suas comunidades rurais apartadas
foi uma tentativa de manter puro o evangelho. É lógico que muitas ações podem ser
contestadas, mas o espírito é o de que a religião não deve se meter na
política.
O que estou querendo dizer não é que o cristão não pode participar da política. O cristão como cidadão deve participar da política, mas o que não deve ser feito é usar o púlpito como palanque eleitoral para promover este ou aquele candidato. Se o cristão evangélico quiser fazer política partidária, o deve fazer fora das cercanias da Igreja.
Culto não é comício, púlpito não é palanque, pregação não é discurso político.
Porém um espírito mundano se apoderou dos rincões evangélicos, um sentimento faccioso e intolerante se fez surgir no meio cristão evangélico.
E eu vejo isso com
muita lástima e tristeza, percebendo também que não posso fazer nada, pois os ânimos
estão inflamados e as pessoas tomadas pela emoção. A única coisa que posso
fazer é escrever estas palavras e orar a Deus para que Ele tenha misericórdia
de nós.