Recentemente li o comentário de
um colega propedeuta sobre a atual conjuntura da religião no Brasil, ele
escreveu que ser evangélico era ser ignorante, ser católico era ser um
retrógrado conservador e que ser budista era “cult”, estar na moda. Bom isso no
meio acadêmico, porque entre a população o budismo representa menos de 1% da
população brasileira.
O que acontece então?
Na atual conjuntura da
pós-modernidade vivemos uma realidade fluída, a verdade não é tão verdadeira, a
única certeza que há é a dúvida e por aí vai. No meio acadêmico com a premissa
aristotélica da dúvida sistemática é difícil aceitar uma verdade definitiva,
premissa essa do Cristianismo. O Cristianismo se considera A VERDADE e essa
premissa é inaceitável no meio acadêmico. Assim entre os letrados se tornou
moda ser budista.
Mas o budismo não é uma
religião???
Sim, porém a sua doutrina pode
ser adaptada a qualquer outro sistema religioso ou de filosofia de vida, até mesmo ao ateísmo.
A essência da doutrina budista diz que a vida é sofrimento,
o sofrimento vem do desejo, suprimindo o desejo desfaz-se o sofrimento. Para se
desfazer o sofrimento é necessário seguir o Caminho Óctuplo, que consiste em:
1.Visão Correta
2. Pensamento Correto
2. Pensamento Correto
3. Fala Correta
4. Ação Correta
5. Meio de Vida Correto
4. Ação Correta
5. Meio de Vida Correto
6. Esforço Correto
7. Atenção Correta
8. Meditação Correta
7. Atenção Correta
8. Meditação Correta
Essa doutrina pode se adaptar
facilmente a qualquer sistema de crenças, tanto é assim que no sudeste da Ásia
se adaptou as religiões politeístas que por lá já existiam. Buda, que nunca se
declarou um deus, é tratado como uma divindade no panteão existente da região.
E no mundo pós-moderno ocidental, ele oferece um sistema filosófico de vida que
dispensa a necessidade de um Ser Supremo e de verdades inabaláveis. A sua visão de mundo pode ser vista em
produções cinematográficas de Holywood como Star Wars, Matrix e os filmes do
gênero Kung Fu.
Assim com sua doutrina o budismo
oferece um sistema de crenças conveniente às necessidades da cultura
pós-moderna. É como uma jangada de certeza em um mar de dúvidas, não serve para
longas jornadas, mas pelo menos flutua.