quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Separação entre Igreja e Estado e a política brasileira

 

Durante a Reforma Protestante, os reformadores lutaram pela separação entre Igreja e Estado, entre política e religião. Calvino, por exemplo, ensinou que, embora ambos os regimes fossem de origem divina, se deveria preservar a distinção entre eles. A Igreja não deveria se misturar ao Estado. A Igreja não poderia se intrometer nos assuntos do Estado, nem este se intrometer nos assuntos daquela.

Me vejo decepcionado com o meio cristão evangélico nestas últimas eleições presidenciais (2022) onde pastores falaram de púlpito que quem vota em Lula é do diabo. Os pastores sendo candidatos a cargo públicos já é coisa de praxe, porém nesta última eleição as coisas extrapolaram o limite do bom senso, inflamaram uma espécie de “guerra santa” a todos que não votassem em Bolsonaro.

Isto é terrível, pois contrasta com o espírito da Reforma Protestante que buscou aquele mesmo sentimento contido nos evangelhos “daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mateus 22:21).

Historicamente falando toda vez que a Igreja de Cristo se envolveu em política dois fatos aconteceram, primeiro ela caiu em descrédito, segundo ela apostatou da fé. Os Monges se retirando para os desertos e montanhas foi uma reação a Igreja que havia se aliado ao Império Romano. Os Menonitas com suas comunidades rurais apartadas foi uma tentativa de manter puro o evangelho. É lógico que muitas ações podem ser contestadas, mas o espírito é o de que a religião não deve se meter na política.

O que estou querendo dizer não é que o cristão não pode participar da política. O cristão como cidadão deve participar da política, mas o que não deve ser feito é usar o púlpito como palanque eleitoral para promover este ou aquele candidato. Se o cristão evangélico quiser fazer política partidária, o deve fazer fora das cercanias da Igreja.

Culto não é comício, púlpito não é palanque, pregação não é discurso político.

Porém um espírito mundano se apoderou dos rincões evangélicos, um sentimento faccioso e intolerante se fez surgir no meio cristão evangélico.

E eu vejo isso com muita lástima e tristeza, percebendo também que não posso fazer nada, pois os ânimos estão inflamados e as pessoas tomadas pela emoção. A única coisa que posso fazer é escrever estas palavras e orar a Deus para que Ele tenha misericórdia de nós.

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

SEMELHANÇAS ENTRE A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL E DO REINO DE PORTUGAL

Eraldo Luis Pagani Gasparini 

Neste ano de 2022, o Brasil faz 200 anos de proclamação da independência. E como tal deveria de ser há várias comemorações sendo realizadas. Tive a oportunidade de conhecer Portugal em 2011, visitei o Castelo de São Jorge, o Castelo dos Mouros, fui a Belém no Monumento aos Descobrimentos e pude conhecer a história de Portugal de perto, bem como ganhei de um “gajo” português dois grandes livros sobre a história de Portugal. Fiquei conhecendo a história de Dom Afonso Henriques, fundador do Reino de Portugal e pude notar as grandes semelhanças entre a independência do Brasil e do Reino de Portugal. 
No caso de Portugal, começa com o Condado de Portucale recebido em 1096 pela mão de Henrique de Borgonha como oferta do rei Afonso VI de Leão pelo auxílio na Reconquista de terras aos mouros. O Condado de Portucale pertencia ao Reino de Leão (que junto com o Reino de Castela viria a formar a Espanha). Dom Henrique morre e D. Teresa assume o condado em 1112, contudo o Condado está repleto de conflitos internos e então em 1125, o “infante” (pois ele só tinha 16 anos) Afonso Henriques é consagrado cavaleiro com o apoio da nobreza portuguesa. Dom Afonso Henriques trava uma batalha com os exércitos de sua mãe e os derrota na Batalha de São Mamede em 1128, expulsa sua mãe de Portucale e o transforma em um reino independente e se proclama rei. Mas o rei de Leão, Afonso VII, não gosta disso. Todavia há uma batalha contra os Mouros (muçulmanos) em 1139, a Batalha de Ourique, onde Dom Afonso Henriques ganha a batalha e fica com a moral elevada e é reconhecido como rei com o Tratado de Zamorra em 1143. Ou seja, através de uma briga de família, Dom Afonso Henriques vira rei e transforma Portugal em Reino. O Rei Afonso VII e Dom Afonso Henriques eram primos, ambos netos do Rei Afonso VI. 
O que é que acontece com Brasil, porque quem proclama a independência é o filho do rei de Portugal, sucessor ao trono. Ou seja, tudo fica em família. 
Dom Pedro proclamou a independência do Brasil seguindo um conselho de seu pai Dom João VI feita em 1821: "Pedro, se o Brasil se separar, antes seja para ti, que hás de me respeitar, do que para algum aventureiro".  Ele proclama a independência do Brasil em 7 de setembro de 1822, mas em 1826 abdica ao trono do Brasil para ser rei em Portugal, posição que ocupa até 1834, quando abdica a favor de sua filha D. Maria II e por fim falecer de tuberculose no mesmo ano. Mas antes disso se torna herói ao vencer a guerra civil em Portugal contra seu irmão Dom Miguel, o que faz com que receba a alcunha de “O Libertador”. 
Assim, se um dia o leitor, for a Portugal e visitar Lisboa encontrará no centro da mesma a Praça do Rossio, onde verá erguida sobre um pináculo a estátua de Dom Pedro IV, O Libertador, herói português, que é também o nosso Imperador Dom Pedro I. E se andar mais um pouco chegará no Castelo de São Jorge onde está a estátua de Dom Afonso Henriques e perceberá as semelhanças entre a independência de Brasil e Portugal.


Estátua de Dom Pedro IV na Praça do Rossio, centro de Lisboa.

quarta-feira, 11 de maio de 2022

AVIVAMENTO METODISTA E AÇÃO SOCIAL



Quando falamos do avivamento metodista com John Wesley, Charles Wesley e George Whitefield, o que vem à mente dos conhecedores do assunto é de grandes reuniões ao ar livre, pessoas caindo ao chão, chorando durante a pregação, manifestações do Espírito Santo e hinos de louvor a Deus.
Mas no avivamento metodista houve muito mais que isto. No século XVIII estava acontecendo a chamada Revolução Industrial, a sociedade inglesa estava mudando, deixando de ser rural e se tornando urbana, as pessoas deixando a atividade agrária e se tornando operárias e com isso as mazelas que a acompanham como a exploração do trabalhador, baixos salários, muitas horas de trabalho. E no Avivamento Metodista, eles lutaram contra isso. 
John Wesley enfatizou princípios divinos que deveriam ser respeitados, como por exemplo: a valorização de todo ser humano como digno e igual, inclusive quanto ao sexo, raça, nível socioeconômico; o amor ao próximo, a renúncia pessoal, a denúncia da injustiça, a honestidade. Em Wesley, vemos uma preocupação com a totalidade do ser humano, incluindo também a dimensão social.
Os Metodistas ingleses entenderam que não bastava a pregação da Palavra, mas também a ação social era necessária. Como mostrado na epístola de Tiago:

“Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso? ” (Tiago 2:14-16). 

Movido por estes valores, Wesley envolveu-se na luta contra muitos problemas sociais do seu tempo, como a imoralidade, o crime, a pobreza, a enfermidade, a educação, a escravidão, as questões trabalhistas, etc.
Como resultado do envolvimento social de Wesley e dos metodistas primitivos, podemos apontar pelo menos quatro grandes consequências na Inglaterra: Abolição da Escravatura, Reforma Carcerária, Reforma Educacional e Reforma Trabalhista.
O movimento wesleyano reveste-se assim de uma relevância enorme, ao desvendar não somente aspectos teológicos do relacionamento íntimo com Deus, mas também do relacionamento do cristão com a sociedade na qual está envolvido. Exatamente por estas características, gerou-se a grande reforma na sociedade inglesa, e na sequência, essa influência religiosa e social pode ser associada com o avivamento inglês e americano do século XIX, o qual propagou-se depois por todo o mundo.







 

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

O FUTURO DA IGREJA CRISTÃ PARA A SEGUNDA METADE DO SÉCULO XXI

 

A palavra prognóstico é originária do grego e é junção de pró = antes + gnose = conhecimento, assim prognóstico é o conhecimento antecipado de algo. Na medicina, prognóstico é usada para dizer sobre o futuro de uma doença, por exemplo: a pessoa está com catarata nos olhos e o prognóstico é que, caso não faça a cirurgia, ficará cega em 8 meses. O prognóstico parte dos fatos presentes e aponta as consequências futuras desses fatos.
Analisando a realidade em que vivemos hoje, os processos políticos que tem sido desenvolvido pelo mundo afora, a censura de pensamento através do politicamente correto, o desenvolvimento dos movimentos feministas e LGBT, apontam que num futuro não muito distante (cerca de 20 a 30 anos) a fé cristã será perseguida.
É claro que isso é um prognóstico que só leva em consideração os fatos presentes, caso apareça alguma variável pelo caminho isso poderá mudar.
Mas o que eu quero aqui é deixar o meu alerta à Igreja de Cristo, aos cristãos, para que se preparem para o que há de vir. Em vários países, diga-se de passagem ocidentais, cristãos tem sido processados por levarem as pessoas ao evangelho. Eles tem usado o termo “coerção” religiosa para justificar seus atos, fazendo da conversão a fé, um ato de coação, de coerção de uma pessoa. Na Inglaterra há várias notícias de pastores que foram presos por pregar na rua e dizer que homossexualismo é pecado. Em todas as vezes, os denunciantes alegaram que eles estavam promovendo “discurso de ódio”. Grupos feministas na Europa tem invadido Igrejas Católicas semi-nuas e tem urinado nos altares em “forma de protesto”.
A maioria dessas notícias podem ser conferidas com uma pequena pesquisa no Google, mas o que acontece é que elas não são divulgadas na grande mídia e quando divulgadas são relatadas como uma pequena nota.
Em contraste a isto, muçulmanos fecham bairros onde são maioria e decretam a Sharia sobre eles. Estes bairros de muçulmanos na Europa são chamados como “Area No Go” (traduzindo seria algo como Área sem Acesso) e por lá nem a polícia entra. Nessas áreas ou bairros de muçulmanos na Europa, as mulheres são tratadas como seres inferiores, os homossexuais são agredidos e enxotados, aqueles que são ateus são silenciados. E os governos desses países europeus que se dizem defensores dos direitos humanos não os criminalizam alegando que a população deve aceitar as diferenças religiosas, porque o contrário seria prática de discriminação e racismo.
Não nos atendo as contradições do sistema, a cada dia que passa a fé cristã tradicional, com seus princípios bíblicos, é criminalizada. Devagar e paulatinamente são feitas leis que ferem os princípios bíblicos e transformam a sua prática e seu discurso em crime.
Na Europa, a maioria das igrejas protestantes ou evangélicas tem assimilado esses valores e propagado-os em seus púlpitos. Vários países da Europa que eram de maioria cristã, hoje se tornaram de maioria sem religião.
Embora eu esteja falando da Europa, isto tem se alastrado pelo mundo inteiro, pelas Américas, pelo Brasil. Já há leis no Brasil que são claramente antibíblicas e que podem ser usadas para criminalizar igrejas e cristãos. Esse processo é irreversível, pois tem o apoio de várias organizações mundiais como a União Europa, a ONU e outras.
O meu aviso é: preparem-se cristãos! Preparem-se para terem que defender sua fé com prejuízo a si mesmos. Estejam prontos, pois num futuro próximo os cristãos autênticos terão que encarar a perseguição e a prisão por causa de sua fé.

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

A FALÁCIA DA CIÊNCIA


Aqueles que acreditam que a ciência trará paz e prosperidade a humanidade, acreditam numa falácia. Quando eu era jovem, uma pesquisa científica chefiada pelo astrofísico Carl Sagan apresentou um relatório do que aconteceria ao mundo caso houvesse uma guerra nuclear entre as superpotências Estados Unidos da América e União Soviética. Esse relatório produziu um filme chamado “The Day After” (tradução: O Dia Seguinte) em 1983.
Esse relatório, feito em 1981, mostrava que se houvesse uma guerra nuclear, as explosões nucleares destruiriam a população do hemisfério norte, mas que do vapor nuclear nasceriam nuvens radioativas que encobririam o planeta todo causando um inverno nuclear. Esse inverno nuclear duraria cerca de um ano, após o qual o planeta teria a sua superfície queimada pela radiação solar ultravioleta (já que a camada de ozônio seria destruída nas explosões nucleares), matando todos o seres vivos com exceção das baratas.
E aí a grande pergunta reverberou:

- Quem criou essas malditas bombas atômicas capazes de destruir o planeta?

Resposta:

- Foram os cientistas!

Nas Histórias em Quadrinhos os grandes vilões são os cientistas malucos: o Dr Silvana é o arqui-inimigo do Capitão Marvel; o gênio Lex Luthor do Superman; Dr Octopus o inimigo do Homem-aranha (aliás o Homem-aranha tem uma lista de supervilões cientistas: Duende Verde; Homem Lagarto; Doutor Destino). Isto porque o senso comum percebeu que os cientistas tinham a capacidade, no mínimo intelectual, para destruir o planeta e isto se refletiu nas produções literárias.
O Prêmio Nobel da Paz foi criado por um cientista arrependido de sua criação: Alfred Nobel o criador do explosivo dinamite. Alfred Nobel, em suas memórias, garantiu que seus planos para sua invenção eram o oposto do que acabaram se tornando. Contudo a dinamite foi largamente usada nas duas guerras mundiais.
O que pretendo demonstrar com isso?
A ciência moderna sempre tem acusado a religião de ser fomentadora da guerra, todavia a ciência também tem a sua parcela de culpa nisso, creio que muito mais que a religião. Quando a bomba atômica foi inventada não havia nenhum padre, nenhum pastor, nenhum bispo ou monge participando. Pelo contrário havia a maior concentração de cientistas, muitos dos quais com prêmios nobel de Física. Os armamentos militares de última geração são criação dos cientistas: os aviões a jato; os tanques de combate; as metralhadoras; os mísseis teleguiados. Muita da eficácia em destruição das armas atuais é devido a pesquisa e o desenvolvimento científico.
Se o mundo hoje corre o perigo de ser destruído é devido mais ao gênio inventivo do homem do que ao seu sentimento religioso.
No livro escrito por Stephen Hawking e sua filha Lucy intitulado George e o Segredo do Universo, o menino George pergunta a um cientista:

- “Por que a Ciência está destruindo o planeta?”

Uma coisa bem interessante de se notar visto que essa pergunta foi formulada pelo cientista Stephen Hawking e sua filha na fala de seu personagem.
Alguns, como o cientista Richard Dawkins, crê que a solução dos problemas humanos está na ciência, que um futuro de paz e prosperidade está unicamente nas ciências, todavia tais homens se esquecem que a destruição também. A poluição é antes de mais nada produto dos avanços tecnológicos e científicos e que, a longo prazo se não for detida, pode causar a extinção dos seres humanos no planeta Terra. Aliás as grandes máquinas poluidoras são criação dos cientistas. O plástico, o grande vilão da poluição dos mares é antes de mais nada uma criação científica, produto da engenharia química.
Os cientistas argumentam que a ciência não é boa, nem ruim depende do uso que os seres humanos fazem dela. E está é a grande questão, porque os seres humanos não são essencialmente bons, a essência humana é ambígua, o bem e o mal estão dentro dela e quando os seres humanos são confrontados a escolher entre o bem a si mesmo e o bem dos outros, ele sempre escolhe o próprio bem. Ele só acolhe o outro quando este compartilha do mesmo interesse. Confiar na instituição da ciência é o mesmo que confiar na instituição eclesiástica, ambas são feitas por homens, ambas erram, ambas estão manietadas com o poder.  Aqueles que creem que somente através da ciência a humanidade poderá evoluir e alcançar a paz e a prosperidade, estão tão equivocados quanto qualquer fanático religioso.