terça-feira, 21 de janeiro de 2020

O MONASTICISMO MODERNO

Os Monges em meio ao concreto



“Os monges que saem das suas celas, ou buscam a companhia do povo, perdem a paz, como o peixe perde a vida fora da água”.
St. Antão, o Eremita.


Quando estudamos a História da Igreja, nos deparamos com os monastérios, os monges, com aqueles que decidiram se separar da sociedade humana para terem uma vida mais santa e agradável a Deus através do isolamento. Isso começou a ocorrer na segunda metade do século IV e teve seu ápice por volta do século XIV. Esse estilo de vida foi uma resposta quando, após Constantino, a Igreja Cristã se aliou aos poderes do mundo; a paz da igreja parecia assegurada, mas muitos consideravam esta paz uma nova artimanha do maligno. Homens e mulheres deixaram suas vidas em sociedade para viverem isolados no deserto, na montanha ou num campo afastado. Pessoas que decidiram ficar numa vida de contemplação, somente lendo as Escrituras Sagradas, orando e meditando.
Esse tipo de vida chamada monástica foi muito comum entre os ramos católicos romanos e o ortodoxo do cristianismo, mas também esteve presente no ramo protestante nas igrejas luteranas e anglicanas.
Os reformados criaram uma certa aversão a esse estilo de vida por causa de sua militância contra o catolicismo e sempre incentivaram o casamento. Contundo até mesmo entre as fileiras dos reformados, alguns preferiram levar uma vida, senão monástica, ao menos celibatária.
Na atualidade, século XXI, uma nova forma de monasticismo está se formando. Em meio a quebra de paradigmas, da dissolução da família tradicional, do fim da influência do cristianismo sobre a sociedade, com o estabelecimento do pensamento nihilista e hedonista, muitos têm se tornado monásticos quer compulsivamente, quer por opção. São monges em meio ao concreto das grandes cidades. De acordo com dados do IBGE de 2015, o percentual de pessoas que moram sozinhas era de 14,6% da população. Em outras partes do mundo ocidental este percentual é muito maior, na Suécia, por exemplo, esse número chega a 45% da população morando sozinha.
O movimento feminista, LGBT, juntamente com as políticas da ONU, transtornaram a realidade dos homens. Muitos homens se viram compungidos a optar por uma vida solitária já que as próprias leis são contra eles. Se pensarmos na lei de estupro no Brasil, veremos que muitos dos preceitos são misândricos. Uma mulher com a simples palavra dela pode condenar um homem de ser estuprador. Assim muitos homens compulsoriamente preferiram a solidão, pois perceberam que a sociedade atual está contra eles. Formaram até um movimento chamado M.G.T.O.W., sigla em inglês de Men Going Their Own Way (Homens Seguindo Seu Próprio Caminho), onde defendem que os homens devem evitar se relacionar com as mulheres, que evitem se casar, formar família ou até namorar. Detalhe: são homens heterossexuais!
Basicamente eles levam uma vida monástica, ainda que tenham amizades. Vivem sós, compram, viajam, moram em casas ou apartamentos sozinhos. Não fazem isso influenciados pela tradição cristã, o seu pensamento tem muito do estoicismo, pois buscam o aprimoramento enquanto indivíduos e também da não-ação taoísta. Eles entenderam que a sociedade atual não os quer mais e assim como os monges cristãos do século IV, eles decidiram abandonar a sociedade, ainda que morem em apartamentos no centro da cidade.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

THOR OU CRISTO?

COMO OS VIKINGS SE TORNARAM CRISTÃOS



Série Vikings do History Channel.


Uma série do History Channel que está fazendo muito sucesso é OS VIKINGS. A série estreou em 2013 e atualmente (2020) está na sexta temporada. Está é uma obra que mistura ficção e a realidade. Alguns personagens são meio reais e fictícios ao mesmo tempo. De fato, existiu um rei viking chamado Ragnar Lothbrok, mas a história dele não é bem aquela contada no seriado. Seja como for o seriado conquistou muitos fãs.
Mas o que poucos sabem é que os terríveis vikings hoje são os afáveis e cultos suecos e noruegueses.
Mas como aquele povo bárbaro que tinha como orgulho morrer no campo de batalha, que estupravam as mulheres depois da conquista, que saqueavam casas, palácios e igrejas, que faziam taça com o crânio dos vencidos para beber hidromel, se tornaram os ternos e afáveis povos da Suécia e Noruega?
Até agora o seriado do History Channel não mostrou mas houve uma empreitada missionária para alcançar os vikings para Cristo. Dentre os nomes se destaca o do monge beneditino Bonifácio.
Bonifácio nasceu no condado de Devonshire na Inglaterra no ano de 672 d.C. Se tornou monge e em 716 começou a trabalhar como missionário com os Frísios e em 722 passou a evangelizar os territórios da Germânia. Foi quando evangelizava nessa região, perto de Geismar, ficou sabendo  que havia uma comunidade que adorava os deuses nórdicos e em especial a Thor, o deus do trovão, ao qual faziam sacrifícios. E no solstício de inverno (fenômeno que marca o início do inverno) eles faziam um sacrifício humano a Thor debaixo de um grande carvalho, este era conhecido como “O Carvalho de Thor”.
Em 723, o monge Bonifácio com seus companheiros viajava por aquela região e ele resolveu confrontar este culto e interromper os sacrifícios humanos. Bonifácio chegou com seus companheiros e impediu o sacrifício humano e desafiou Thor diante de todos: ele iria cortar o carvalho e se Thor realmente fosse deus, ele o impediria lançado um raio sobre Bonifácio.
Bonifácio foi cortando o carvalho com um machado e o povo esperava que ele fosse morto com um raio fulminante de Thor, porém uma rajada de vento poderosa surgiu e derrubou o carvalho. O povo estarrecido com o acontecido, ouviu a pregação do evangelho por Bonifácio e converteu-se a Cristo. Com a madeira do carvalho derrubado, Bonifácio fez uma capela. E ao final de sua vida foi chamado o “Apóstolo da Germânia”.


Pintura retratando o monge Bonifácio cortando o Carvalho de Thor.


Outro importante, mas pouco conhecido é Ansgar, o “Apóstolo do Norte”. Ansgar foi missionário no que hoje é a Dinamarca e a Suécia. Ele nasceu em Amiens na França, se tornou monge beneditino e começou como missionário na Dinamarca em 826 d.C. e depois em 830 foi para a Suécia. Na época o Rei Björn o recebeu e permitiu que ele pregasse sobre Cristo na Suécia.
Os Vikings ficaram impressionados com a história de Jesus Cristo, pois Ele era tão poderoso que venceu a própria morte. O poder de Cristo impressionou os endurecidos Vikings.
Em uma assembleia do povo sueco, foi debatido se os missionários poderiam continuar pregando o Evangelho, pois eles poderiam atrair a ira dos antigos deuses vikings. Em meio a discussão, um velho viking levantou-se e declarou com grande força que ficou claro que o Deus cristão era mais forte que Thor. Isso encerrou o assunto e os missionários continuaram pregando o evangelho na Suécia.


Estátua do monge Ansgar em Copenhague, Dinamarca.


Por meio de uma combinação de trabalho missionário, favor real e o combate, os ferozes vikings foram convencidos a abandonar os deuses de Asgard, destruíram seus ídolos e abandonaram sua agressividade, cessaram seus ataques, se batizaram e submeteram-se a fé cristã.
Os vikings tornaram-se completamente cristãos no século XI, tanto que o Rei Olaf II da Noruega, que governou de 1015 a 1028 recebeu a alcunha de “Olaf, o Santo”.
Se vocês repararem, verão que as bandeiras da Dinamarca, Suécia e Noruega todas tem uma cruz desenhada, a chamada cruz escandinava, essa cruz é uma referência ao Cristianismo. E assim os vikings abandonaram os deuses de Asgard e se converteram a Cristo e se tornaram nos cultos e afáveis povos da Suécia e Noruega.