Os Monges em meio ao concreto
“Os monges que saem das suas celas, ou buscam a companhia do povo, perdem a paz, como o peixe perde a vida fora da água”.
St. Antão, o Eremita.
Quando estudamos
a História da Igreja, nos deparamos com os monastérios, os monges, com aqueles
que decidiram se separar da sociedade humana para terem uma vida mais santa e
agradável a Deus através do isolamento. Isso começou a ocorrer na segunda
metade do século IV e teve seu ápice por volta do século XIV. Esse estilo de
vida foi uma resposta quando, após Constantino, a Igreja Cristã se aliou aos
poderes do mundo; a paz da igreja parecia assegurada, mas muitos consideravam
esta paz uma nova artimanha do maligno. Homens e mulheres deixaram suas vidas
em sociedade para viverem isolados no deserto, na montanha ou num campo
afastado. Pessoas que decidiram ficar numa vida de contemplação, somente lendo
as Escrituras Sagradas, orando e meditando.
Esse tipo de
vida chamada monástica foi muito comum entre os ramos católicos romanos e o
ortodoxo do cristianismo, mas também esteve presente no ramo protestante nas
igrejas luteranas e anglicanas.
Os reformados
criaram uma certa aversão a esse estilo de vida por causa de sua militância
contra o catolicismo e sempre incentivaram o casamento. Contundo até mesmo
entre as fileiras dos reformados, alguns preferiram levar uma vida, senão
monástica, ao menos celibatária.
Na atualidade,
século XXI, uma nova forma de monasticismo está se formando. Em meio a quebra
de paradigmas, da dissolução da família tradicional, do fim da influência do
cristianismo sobre a sociedade, com o estabelecimento do pensamento nihilista e
hedonista, muitos têm se tornado monásticos quer compulsivamente, quer por
opção. São monges em meio ao concreto das grandes cidades. De acordo com dados
do IBGE de 2015, o percentual de pessoas que moram sozinhas era de 14,6% da
população. Em outras partes do mundo ocidental este percentual é muito maior,
na Suécia, por exemplo, esse número chega a 45% da população morando sozinha.
O movimento
feminista, LGBT, juntamente com as políticas da ONU, transtornaram a realidade
dos homens. Muitos homens se viram compungidos a optar por uma vida solitária
já que as próprias leis são contra eles. Se pensarmos na lei de estupro no
Brasil, veremos que muitos dos preceitos são misândricos. Uma mulher com a
simples palavra dela pode condenar um homem de ser estuprador. Assim muitos
homens compulsoriamente preferiram a solidão, pois perceberam que a sociedade
atual está contra eles. Formaram até um movimento chamado M.G.T.O.W., sigla em
inglês de Men Going Their Own Way (Homens Seguindo Seu Próprio Caminho), onde defendem
que os homens devem evitar se relacionar com as mulheres, que evitem se casar,
formar família ou até namorar. Detalhe: são homens heterossexuais!
Basicamente eles
levam uma vida monástica, ainda que tenham amizades. Vivem sós, compram,
viajam, moram em casas ou apartamentos sozinhos. Não fazem isso influenciados
pela tradição cristã, o seu pensamento tem muito do estoicismo, pois buscam o
aprimoramento enquanto indivíduos e também da não-ação taoísta. Eles entenderam
que a sociedade atual não os quer mais e assim como os monges cristãos do século IV,
eles decidiram abandonar a sociedade, ainda que morem em apartamentos no centro
da cidade.