Os
desigrejados foram definidos como aqueles cristãos evangélicos que abandonaram
a igreja institucional ou as igrejas institucionais, mas não deixaram de crer e
nem abandonaram a Cristo: “Sem a
igreja, mas com Cristo”. Tem uma parte dos desigrejados que só saíram da
igreja institucional, enquanto outro grupo além de sair se tornou militante
contra as igrejas institucionais.
Vou
tratar do primeiro grupo porque tenho muitos conhecidos que fazem parte dele e
devo dizer que a própria igreja institucional propiciou as ferramentas para que
os mesmos assim se comportassem.
Muitas
igrejas adotaram o G12, o M12, a célula, a igreja nos lares como método de
evangelismo, porém esse método por fim acabou dando suporte para que esses
membros questionassem a necessidade das igrejas institucionais:
- Ora se a igreja primitiva se reunia nas casas, por que temos que ir em templos? Por que não podemos cultuar só nas casas?Assim eles entenderam que não era preciso uma “igreja”, uma instituição, bastava um local para se reunirem, fosse uma casa, um consultório, um apartamento ou uma garagem.
Muitos
desses desigrejados se viram decepcionados com a liderança de suas
denominações, muitos sofreram abuso espiritual por parte de seus líderes. Líderes
que alegando serem uma “cobertura espiritual”, “autoridade espiritual”,
“ungidos do Senhor” foram além de suas atribuições como guias do rebanho e
passaram a interferir ostensivamente na vida de seus membros, sugando-lhes o
tempo, as finanças. Pondo sobre os ombros deles uma carga que não podiam
carregar, fazendo com que se desgastassem física e emocionalmente para obterem
novos membros, fazendo-os se fatigarem para promover o “ministério”. Líderes
pastorais que exigem “submissão” de seus membros e os ameaçam com maldição, por
serem “rebeldes”, quando não cumprem as determinações dos mesmos. Deixaram de
ser guias para serem dominadores do rebanho de Deus.
Convém
aqui colocar o desserviço que a doutrina da prosperidade fez as Igrejas institucionais
sérias. Essa heresia que adentrou nos rincões evangélicos descaracterizou a fé
cristã verdadeira, transformou o evangelho em produto, a igreja em comércio, o
pastor em gerente e o crente em cliente. Muitos buscando sua satisfação pessoal
creram na mensagem da teologia da prosperidade e foram enganados, pois o
evangelho, a fé cristã verdadeira não é isso. Se há algo que de fato lançou a
igreja institucional em descrédito foi a teologia da prosperidade.
Os
desigrejados são um sintoma de um mal maior que permeia as igrejas
institucionais no Brasil. Eles são fruto de um evangelho sem a Graça, de uma
igreja sem amor, de um cristianismo sem Cristo.
É óbvio que a análise de só umas das partes seria tendenciosa, os desigrejados por sua vez são um sintoma da pós-modernidade, onde A Verdade foi morta, onde cada um tem a sua verdade. Então se a “verdade” de uma pessoa é contrariada pela da instituição, ela simplesmente condena a instituição e a abandona. Ao invés de fazer uma autoanálise e reconsiderar suas ideias ou praticar a tolerância, as pessoas simplesmente abandonam a igreja porque foram contrariadas, porque a coisa não saiu do jeito que ela queria.
É óbvio que a análise de só umas das partes seria tendenciosa, os desigrejados por sua vez são um sintoma da pós-modernidade, onde A Verdade foi morta, onde cada um tem a sua verdade. Então se a “verdade” de uma pessoa é contrariada pela da instituição, ela simplesmente condena a instituição e a abandona. Ao invés de fazer uma autoanálise e reconsiderar suas ideias ou praticar a tolerância, as pessoas simplesmente abandonam a igreja porque foram contrariadas, porque a coisa não saiu do jeito que ela queria.
Também
é sintoma do individualismo que norteia as relações pós-modernas, onde cada um
olha somente para si e não enxerga o outro. Já cantava aquela quadrinha
musical:
-
“ado, ado, cada um no seu quadrado; ema, ema, cada um com seus problemas”.
As
relações são voláteis, são momentâneas, para realizar interesses comuns; não há
compromisso entre as partes.
Os
desigrejados se esquecem que muito do que temos é devido a igreja
institucional, como a Escola Bíblica Dominical onde aprendemos sobre a Bíblia e
as suas doutrinas; como as faculdades e seminários teológicos; como as editoras
de livros cristãos (muito do conhecimento que os desigrejados tem veio das
igrejas instituídas).
Poderia
citar também as escolas confessionais; as creches; as casas de recuperação a
viciados; os projetos sociais; tudo isso obtido graças ao engajamento e ação de
boas instituições eclesiásticas.
Citando o questionamento do pastor presbiteriano Rev. Augustus Nicodemus, será que “ …os desigrejados não estão jogando fora o bebê junto com a água suja da banheira? ”
Citando o questionamento do pastor presbiteriano Rev. Augustus Nicodemus, será que “ …os desigrejados não estão jogando fora o bebê junto com a água suja da banheira? ”
Lendo
um livro de John Stott intitulado Cristianismo Básico, percebi que essa demanda
também aconteceu na Inglaterra, porém na década de 1950. Ali ele demonstra que
os ingleses estavam fazendo as mesmas críticas e abandonando as igrejas
instituídas, como resultado os cultos foram se esvaziando e as igrejas também,
tanto que no ano de 1991 cerca de 1.015 templos da Igreja Anglicana foram
vendidos para uma rede de boates, redes de academias de ginásticas e outras
coisas mais. No final a geração posterior de desigrejados não tinha mais
vínculo nenhum com nada ou ninguém, o que resultou no aumento de secularizados
e sem religião na Inglaterra.
Temos
que fazer uma autoanálise enquanto desigrejados e igrejas institucionais e
chegarmos a um denominador comum, porque caso contrário será a derrocada da fé
cristã evangélica no Brasil.