quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O MARTÍRIO DE UM CRISTÃO EVANGÉLICO NA ALEMANHA NAZISTA

Os mártires cristãos estão por todas as partes e em todas as épocas, na época do Império Romano dos séculos primeiros e também em pleno século XX na Alemanha dominada por Hitler. Muitos assistiram ao filme Operação Valquíria, com o astro de Hollywood Tom Cruise, onde conta à história de um fracassado atentado a bomba contra Adolf Hitler. O que poucos sabem é que havia uma rede de resistência contra o nazismo formada por vários cidadãos alemães, incluindo um pastor luterano chamado Dietrich Bonhoeffer.

Bonhoeffer foi um dos mentores e signatários da Declaração de Barmen, quando em 1934 diversos pastores luteranos e reformados, formaram a Bekennende Kirche, Igreja Confessante, rejeitando desafiadoramente o nazismo: "Jesus Cristo, e não homem algum ou o Estado, é o nosso único Salvador".
Em 1933 as Igrejas Protestantes na Alemanha foram forçadas a entrarem para a Igreja Protestante do Reich e apoiar a ideologia Nazista. A Igreja Confessante foi criada em setembro do mesmo ano como um grupo clandestino da resistência alemã. Em 1934 a Declaração Teológica de Barmen, escrita primariamente por Karl Barth com o apoio de outros pastores e congregações da Igreja Confessante, foi ratificada no Sínodo de Barmen, reafirmando que a Igreja Protestante Alemã não era um órgão do Estado, com o propósito de reforçar o Nazismo, mas um grupo sujeito apenas a Jesus Cristo e seu Evangelho.
O movimento foi posto na ilegalidade e em Abril de 1943 Bonhoeffer foi preso por ajudar judeus a fugirem para a Suíça. Levado de uma prisão para outra, em 9 de Abril de 1945, três semanas antes que as tropas aliadas libertassem o campo, foi enforcado, junto com seu irmão Klaus e 2 de seus cunhados.
Sua obra mais famosa, escrita no período de ascensão do nazismo foi "Discipulado" (Nachfolge) na qual desenvolve a polêmica acerca da teologia da graça, fundamento da obra de Martinho Lutero. Nesse livro ele opõe-se a prática dos cristãos da época que viviam um cristianismo sem a renúncia pessoal e barateavam a graça de Deus:


"A graça barata é a inimiga mortal de nossa igreja. Lutamos hoje pela graça de grande valor. A graça barata é a pregação do perdão sem exigir arrependimento, batismo sem disciplina na igreja, comunhão sem confissão, absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é graça sem discipulado, sem a cruz, sem Jesus Cristo, vivo e encarnado…
A graça de grande valor é o tesouro escondido no campo, pelo qual o homem vai alegremente e vende tudo o que tem. É a pérola de grande valor que, para comprá-la, o negociante vendeu tudo o que tinha (...)
Tal graça é custosa porque ela nos chama para seguir, e é graça porque nos chama pra seguir Jesus Cristo. É de grande valor porque custa ao homem sua vida e é graça porque dá ao homem a única vida verdadeira”



Dietrich Bonhoeffer poderia ter feito como a maioria dos cristãos de seu tempo ante ao nazismo: se calar. Mas preferiu se posicionar contra a maldade e a injustiça de um governo tirânico. Ele não deixou que a graça de Deus fosse barata em sua vida, mas sim preciosa.

Para saber mais sobre Bonhoeffer acesse:
http://www.sociedadebonhoeffer.org.br.