quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

O CRISTÃO E A POLÍTICA NO BRASIL

 Eraldo Luis P. Gasparini


Quando jovem ouvi uma palestra do Pastor Robinson Cavalcanti da Igreja Episcopal sobre Cristianismo e política, posteriormente li o seu livro: Cristianismo e Política: teoria bíblica e prática histórica.
Em parte, influenciado pela sua leitura e pelo contexto vivido na época, adentrei na política e fiquei filiado a um partido político de 1999 a 2005, sendo que nesse período fiquei 4 anos na diretoria municipal do mesmo. Então tive grande experiência política, tive reuniões com o então governador do Estado de Mato Grosso do Sul, conheci deputados estaduais, federais e senadores. Ou seja, me envolvi grandemente com a política.
Num determinado momento vi e presenciei a corrupção que era divulgada nos jornais e noticiários do Brasil, bem como percebi a minha total incapacidade e impossibilidade de combate-la, pois, todo o sistema político estava corrompido de alto a baixo. Não havia a quem recorrer ou denunciar, pois até os meios de comunicação estavam mancomunados com o sistema político.
Então comecei a me questionar: - O que estou fazendo aqui???
E enojado com tudo que vi, resolvi sair da política, me tornar apartidário e a votar em nulo nas eleições.
Percebi que para aqueles que entram na política no Brasil só restam três atitudes:
- Se posicionar contra a corrupção estrutural e ser anulado pelo meio político, tornando-se inócuo;
- Não se corromper, mas ser conivente e “fazer vistas grossas” para a corrupção;
- Se aliar a corrupção e tornar-se mais um dos corruptos.

Percebi que a corrupção política no Brasil é sistêmica e estrutural, não distingue partidos, não distingue alas ideológicas, esquerda, direita ou centro. Ela está desde a Câmara de Vereadores até o Senado Federal; desde a Prefeitura Municipal até o Palácio do Planalto. E ela começou lá atrás em 1808 com a vinda da família real portuguesa. Com o passar do tempo ela foi se adaptando aos regimes políticos e aos tempos.
Aqueles que acreditam que há políticos honestos no Brasil ou são ingênuos, ou são tolos, ou dissimulados.
Vejo algumas pessoas falando que o problema é à esquerda e sua política progressista de Estado, mas o problema não é de ordem econômica, não importa o regime econômico adotado, pois a grande e real questão é a corrupção. Este é o real fator que emperra o crescimento do Brasil. Enquanto isto não for tratado de forma séria, não adiantará nada. O Brasil tem uma cultura de corrupção, de exaltação a aquele que burla as regras, de louvor a malandragem, de dar um “jeitinho”, de levar vantagem em tudo. E isto está entranhado no povo brasileiro, não só na classe política. Enquanto houver o “gato” para a luz, pra água, pra TV a cabo; enquanto houver posto que adulterada gasolina; enquanto houver farmácia que compra remédio roubado; condutor que compra CNH; empreiteira que entrega prédio mal feito; bombeiro que vende laudo para boate irregular; universitário que paga para fazerem seu TCC; o Brasil não vai mudar!!
No dia que o povo brasileiro e os seus governantes tomarem vergonha na cara e praticarem uma ética séria nas suas relações econômicas, será esse o dia que o Brasil começara a mudar.
E o cristão e a política, como fica então?
Bem! Vou dar a minha resposta particular: a ala evangélica no congresso é a ala mais corrupta e fisiológica do congresso (vide como exemplo o ex-deputado Eduardo Cunha). Penso eu que o cristão não deve se envolver com a política partidária no Brasil. Ele pode fazer política de outras maneiras, com a sua associação de moradores, seu sindicato, participando de uma ONG, fazendo parte dos projetos sociais de sua igreja. Porque isso também é política.
Na minha opinião, aqueles que decidem por esse caminho se metem em muitas artimanhas, fazer política partidária no Brasil é o mesmo que vender a alma para o diabo.


quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Separação entre Igreja e Estado e a política brasileira

 

Durante a Reforma Protestante, os reformadores lutaram pela separação entre Igreja e Estado, entre política e religião. Calvino, por exemplo, ensinou que, embora ambos os regimes fossem de origem divina, se deveria preservar a distinção entre eles. A Igreja não deveria se misturar ao Estado. A Igreja não poderia se intrometer nos assuntos do Estado, nem este se intrometer nos assuntos daquela.

Me vejo decepcionado com o meio cristão evangélico nestas últimas eleições presidenciais (2022) onde pastores falaram de púlpito que quem vota em Lula é do diabo. Os pastores sendo candidatos a cargo públicos já é coisa de praxe, porém nesta última eleição as coisas extrapolaram o limite do bom senso, inflamaram uma espécie de “guerra santa” a todos que não votassem em Bolsonaro.

Isto é terrível, pois contrasta com o espírito da Reforma Protestante que buscou aquele mesmo sentimento contido nos evangelhos “daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mateus 22:21).

Historicamente falando toda vez que a Igreja de Cristo se envolveu em política dois fatos aconteceram, primeiro ela caiu em descrédito, segundo ela apostatou da fé. Os Monges se retirando para os desertos e montanhas foi uma reação a Igreja que havia se aliado ao Império Romano. Os Menonitas com suas comunidades rurais apartadas foi uma tentativa de manter puro o evangelho. É lógico que muitas ações podem ser contestadas, mas o espírito é o de que a religião não deve se meter na política.

O que estou querendo dizer não é que o cristão não pode participar da política. O cristão como cidadão deve participar da política, mas o que não deve ser feito é usar o púlpito como palanque eleitoral para promover este ou aquele candidato. Se o cristão evangélico quiser fazer política partidária, o deve fazer fora das cercanias da Igreja.

Culto não é comício, púlpito não é palanque, pregação não é discurso político.

Porém um espírito mundano se apoderou dos rincões evangélicos, um sentimento faccioso e intolerante se fez surgir no meio cristão evangélico.

E eu vejo isso com muita lástima e tristeza, percebendo também que não posso fazer nada, pois os ânimos estão inflamados e as pessoas tomadas pela emoção. A única coisa que posso fazer é escrever estas palavras e orar a Deus para que Ele tenha misericórdia de nós.

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

SEMELHANÇAS ENTRE A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL E DO REINO DE PORTUGAL

Eraldo Luis Pagani Gasparini 

Neste ano de 2022, o Brasil faz 200 anos de proclamação da independência. E como tal deveria de ser há várias comemorações sendo realizadas. Tive a oportunidade de conhecer Portugal em 2011, visitei o Castelo de São Jorge, o Castelo dos Mouros, fui a Belém no Monumento aos Descobrimentos e pude conhecer a história de Portugal de perto, bem como ganhei de um “gajo” português dois grandes livros sobre a história de Portugal. Fiquei conhecendo a história de Dom Afonso Henriques, fundador do Reino de Portugal e pude notar as grandes semelhanças entre a independência do Brasil e do Reino de Portugal. 
No caso de Portugal, começa com o Condado de Portucale recebido em 1096 pela mão de Henrique de Borgonha como oferta do rei Afonso VI de Leão pelo auxílio na Reconquista de terras aos mouros. O Condado de Portucale pertencia ao Reino de Leão (que junto com o Reino de Castela viria a formar a Espanha). Dom Henrique morre e D. Teresa assume o condado em 1112, contudo o Condado está repleto de conflitos internos e então em 1125, o “infante” (pois ele só tinha 16 anos) Afonso Henriques é consagrado cavaleiro com o apoio da nobreza portuguesa. Dom Afonso Henriques trava uma batalha com os exércitos de sua mãe e os derrota na Batalha de São Mamede em 1128, expulsa sua mãe de Portucale e o transforma em um reino independente e se proclama rei. Mas o rei de Leão, Afonso VII, não gosta disso. Todavia há uma batalha contra os Mouros (muçulmanos) em 1139, a Batalha de Ourique, onde Dom Afonso Henriques ganha a batalha e fica com a moral elevada e é reconhecido como rei com o Tratado de Zamorra em 1143. Ou seja, através de uma briga de família, Dom Afonso Henriques vira rei e transforma Portugal em Reino. O Rei Afonso VII e Dom Afonso Henriques eram primos, ambos netos do Rei Afonso VI. 
O que é que acontece com Brasil, porque quem proclama a independência é o filho do rei de Portugal, sucessor ao trono. Ou seja, tudo fica em família. 
Dom Pedro proclamou a independência do Brasil seguindo um conselho de seu pai Dom João VI feita em 1821: "Pedro, se o Brasil se separar, antes seja para ti, que hás de me respeitar, do que para algum aventureiro".  Ele proclama a independência do Brasil em 7 de setembro de 1822, mas em 1826 abdica ao trono do Brasil para ser rei em Portugal, posição que ocupa até 1834, quando abdica a favor de sua filha D. Maria II e por fim falecer de tuberculose no mesmo ano. Mas antes disso se torna herói ao vencer a guerra civil em Portugal contra seu irmão Dom Miguel, o que faz com que receba a alcunha de “O Libertador”. 
Assim, se um dia o leitor, for a Portugal e visitar Lisboa encontrará no centro da mesma a Praça do Rossio, onde verá erguida sobre um pináculo a estátua de Dom Pedro IV, O Libertador, herói português, que é também o nosso Imperador Dom Pedro I. E se andar mais um pouco chegará no Castelo de São Jorge onde está a estátua de Dom Afonso Henriques e perceberá as semelhanças entre a independência de Brasil e Portugal.


Estátua de Dom Pedro IV na Praça do Rossio, centro de Lisboa.

quarta-feira, 11 de maio de 2022

AVIVAMENTO METODISTA E AÇÃO SOCIAL



Quando falamos do avivamento metodista com John Wesley, Charles Wesley e George Whitefield, o que vem à mente dos conhecedores do assunto é de grandes reuniões ao ar livre, pessoas caindo ao chão, chorando durante a pregação, manifestações do Espírito Santo e hinos de louvor a Deus.
Mas no avivamento metodista houve muito mais que isto. No século XVIII estava acontecendo a chamada Revolução Industrial, a sociedade inglesa estava mudando, deixando de ser rural e se tornando urbana, as pessoas deixando a atividade agrária e se tornando operárias e com isso as mazelas que a acompanham como a exploração do trabalhador, baixos salários, muitas horas de trabalho. E no Avivamento Metodista, eles lutaram contra isso. 
John Wesley enfatizou princípios divinos que deveriam ser respeitados, como por exemplo: a valorização de todo ser humano como digno e igual, inclusive quanto ao sexo, raça, nível socioeconômico; o amor ao próximo, a renúncia pessoal, a denúncia da injustiça, a honestidade. Em Wesley, vemos uma preocupação com a totalidade do ser humano, incluindo também a dimensão social.
Os Metodistas ingleses entenderam que não bastava a pregação da Palavra, mas também a ação social era necessária. Como mostrado na epístola de Tiago:

“Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso? ” (Tiago 2:14-16). 

Movido por estes valores, Wesley envolveu-se na luta contra muitos problemas sociais do seu tempo, como a imoralidade, o crime, a pobreza, a enfermidade, a educação, a escravidão, as questões trabalhistas, etc.
Como resultado do envolvimento social de Wesley e dos metodistas primitivos, podemos apontar pelo menos quatro grandes consequências na Inglaterra: Abolição da Escravatura, Reforma Carcerária, Reforma Educacional e Reforma Trabalhista.
O movimento wesleyano reveste-se assim de uma relevância enorme, ao desvendar não somente aspectos teológicos do relacionamento íntimo com Deus, mas também do relacionamento do cristão com a sociedade na qual está envolvido. Exatamente por estas características, gerou-se a grande reforma na sociedade inglesa, e na sequência, essa influência religiosa e social pode ser associada com o avivamento inglês e americano do século XIX, o qual propagou-se depois por todo o mundo.







 

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

O FUTURO DA IGREJA CRISTÃ PARA A SEGUNDA METADE DO SÉCULO XXI

 

A palavra prognóstico é originária do grego e é junção de pró = antes + gnose = conhecimento, assim prognóstico é o conhecimento antecipado de algo. Na medicina, prognóstico é usada para dizer sobre o futuro de uma doença, por exemplo: a pessoa está com catarata nos olhos e o prognóstico é que, caso não faça a cirurgia, ficará cega em 8 meses. O prognóstico parte dos fatos presentes e aponta as consequências futuras desses fatos.
Analisando a realidade em que vivemos hoje, os processos políticos que tem sido desenvolvido pelo mundo afora, a censura de pensamento através do politicamente correto, o desenvolvimento dos movimentos feministas e LGBT, apontam que num futuro não muito distante (cerca de 20 a 30 anos) a fé cristã será perseguida.
É claro que isso é um prognóstico que só leva em consideração os fatos presentes, caso apareça alguma variável pelo caminho isso poderá mudar.
Mas o que eu quero aqui é deixar o meu alerta à Igreja de Cristo, aos cristãos, para que se preparem para o que há de vir. Em vários países, diga-se de passagem ocidentais, cristãos tem sido processados por levarem as pessoas ao evangelho. Eles tem usado o termo “coerção” religiosa para justificar seus atos, fazendo da conversão a fé, um ato de coação, de coerção de uma pessoa. Na Inglaterra há várias notícias de pastores que foram presos por pregar na rua e dizer que homossexualismo é pecado. Em todas as vezes, os denunciantes alegaram que eles estavam promovendo “discurso de ódio”. Grupos feministas na Europa tem invadido Igrejas Católicas semi-nuas e tem urinado nos altares em “forma de protesto”.
A maioria dessas notícias podem ser conferidas com uma pequena pesquisa no Google, mas o que acontece é que elas não são divulgadas na grande mídia e quando divulgadas são relatadas como uma pequena nota.
Em contraste a isto, muçulmanos fecham bairros onde são maioria e decretam a Sharia sobre eles. Estes bairros de muçulmanos na Europa são chamados como “Area No Go” (traduzindo seria algo como Área sem Acesso) e por lá nem a polícia entra. Nessas áreas ou bairros de muçulmanos na Europa, as mulheres são tratadas como seres inferiores, os homossexuais são agredidos e enxotados, aqueles que são ateus são silenciados. E os governos desses países europeus que se dizem defensores dos direitos humanos não os criminalizam alegando que a população deve aceitar as diferenças religiosas, porque o contrário seria prática de discriminação e racismo.
Não nos atendo as contradições do sistema, a cada dia que passa a fé cristã tradicional, com seus princípios bíblicos, é criminalizada. Devagar e paulatinamente são feitas leis que ferem os princípios bíblicos e transformam a sua prática e seu discurso em crime.
Na Europa, a maioria das igrejas protestantes ou evangélicas tem assimilado esses valores e propagado-os em seus púlpitos. Vários países da Europa que eram de maioria cristã, hoje se tornaram de maioria sem religião.
Embora eu esteja falando da Europa, isto tem se alastrado pelo mundo inteiro, pelas Américas, pelo Brasil. Já há leis no Brasil que são claramente antibíblicas e que podem ser usadas para criminalizar igrejas e cristãos. Esse processo é irreversível, pois tem o apoio de várias organizações mundiais como a União Europa, a ONU e outras.
O meu aviso é: preparem-se cristãos! Preparem-se para terem que defender sua fé com prejuízo a si mesmos. Estejam prontos, pois num futuro próximo os cristãos autênticos terão que encarar a perseguição e a prisão por causa de sua fé.